sexta-feira, novembro 19, 2004

MEMÓRIA - tudo nesse país é feito para que nada seja esquecido: esse é o país da memória: o país da vontade de permanência do senhor: não esquecem as contas, não esquecem a pobreza, não esquecem a violência, não esquecem os governos, não esquecem deus, não esquecem as religiões, não esquecem a história, não esquecem nosso-hino, não esquecem a modéstia de todo mundo, não esquecem futebol, não esquecem a rede globo, não esquecem os “famosos”, não esquecem nada, não esquecem de lembrar. é sintomático dizerem sempre que “este é um país sem memória”.
Alberto Lins Caldas

NOSSO-HINO - nosso-hino novamente.
Alberto Lins Caldas

CIDADES DO INTERIOR - as “cidades do interior” só não são mais ridículas em tudo por que são pequenas: para entender a extensão desta idéia seria preciso transformar uma delas em “reserva ambiental” e estudar a vida, o comportamento desta fauna grotesca, desta flora carnívora, imóvel e perniciosa.
Alberto Lins Caldas

O ESCRITOR BRASILEIRO - não conheço tipo mais asqueroso que o “escritor brasileiro” (pastiche destas vacas de presépio estrangeiras que vêm arrotar sandices em festivais, jantares e palestras). ouvir, por exemplo, nélida piñon, joão ubaldo, edla van steen, moacir scliar, ligia fagundes teles, carlos heitor cony, lia luft e todos os “jornalistas escritores”, é não compreender como se pode ser tão besta, tão empolado, tão mentiroso, tão integrado, tão digno da própria dignidade, tão “cafajeste”, tão ingênuo, tão funcionário público, tão trabalhador alienado, tão compatriota, tão vendido e, ao mesmo tempo, massa interesseira e vaidosa: nenhum deles desvenda, expõe, as trapaças da “Literatura brasileira”, muito menos o verde-amarelismo que move e faz eles aparecerem.
Alberto Lins Caldas