sexta-feira, dezembro 03, 2004

DEFENDER A PÁTRIA – dizem os fascistas que as “forças armadas brasileiras estão no olho do furacão” porque estão passando por “acusações graves e palpites os mais diversos”, e que todos estão lançando “dúvidas, buscando desacreditá-las perante a opinião pública”: o exército tem vivido de golpes, de violência truculenta e ingerência indevida contra a sociedade civil, contra as mais diversas formas de democracia e acham sinceramente que dizer a verdade é perseguição, violência, ódio e revanchismo. acham absolutamente com sinceridade que seu modelo de mundo, de relações, de governo e governabilidade, de povo, de democracia, de educação, de liberdade de expressão é a única verdadeira, a única possível, a única que deve prevalecer. a violência, o ódio, a truculência são vistos como coisas “das esquerdas”, que são tão burras e nacionalistas quanto qualquer forma de fascismo (essa é uma das grandes lições do século XX, este século medonho). e se propõem a ser uma alternativa ao “horror comunista”, como se não fossem uma das formas monstruosas do “horror fascista”.
para eles a “formação do homem é fundamental”: o ensino deve se moldar a sua visão estreita e mentirosa de mundo: o golpe de 64 contra a democracia, contra as liberdades, contra a educação, contra tudo que pode ser verdade e liberdade, contra toda uma sociedade escolhendo seus caminho, deve, segundo eles, aparecer como uma “salvação da pátria”, uma honra que deve ser lembrada, homenageada e respeitada. e seus colégios devem ser vistos como “modelos de ensino”, e não como o horror da educação, a deformação em estado puro, o fim da inteligência, da crítica e da imaginação enquanto fundamentos da educação. o conflito, a irreverência, a contradicção, isso sim seria educação. confundem ética com moral e formatam a moral segundo um modelo militar, como se esse fosse ou pudesse ser modelo para qualquer coisa razoável: e a ética aparece como uma “cartilha militar”. ensina-se “a verdade, a amizade, o amor, a crença em deus e o respeito à dignidade humana” mas não o respeito absoluto a todos os contrários a isso, a tudo que seja o oposto a disso, o supremo direito de discordar disto e ser protegido nessa diferença radical. por isso não é formação, mas deformação; não é educação, mas adestramento. a “história do brasil” que conhecem e estudam é a que eles mesmos querem que seja, a mesma produzida enquanto ideologia de deformação pelo estado e pelos “intelectuais” a serviço do mercado: e o círculo se completa.
Alberto Lins Caldas