domingo, agosto 29, 2004

CLASSES - as "classes exploradas" criaram uma "cultura" impotente, ridícula, festeira, própria do "lixo industrial" de quem não resiste porque não sabe ao que resister; as "classes exploradoras" criaram uma "cultura" capacho (aos modelos europeus e estadunidenses e, principalmente, às oligarquias internas), frouxa, gosmenta, palavrosa, incapaz de superar sua im-posição de classe, sua visceral cumplicidade.
Alberto Lins Caldas

sábado, agosto 28, 2004

ESTUDAR O BRASIL - essa tara em "estudar o brasil", "conhecer o país", "resgatar a história", "que é o brasileiro?" e todas essas sandices travestidas de Filosofia, Antropologia, Sociologia e História são apenas manifestações ideológicas que buscam esconder o vazio desses "lugares", o sentido de lixo, de insignificância, de cobertura, de escondimento. a função dos que "pensaram o brasil" é esconder precisamente aquilo que eles "pensam", e o feixe rebotalho de vários processos produtivos, de várias formas de exploração e descarte, gerando monstros, procriando ilusões modestas, cópias ridículas, limites inexistentes, raças que, além de jamais existirem, foram, enquanto "culturas", jogadas no descaroçador monstruoso das produções e suas defesas: o resto é pretensão besta, vazia e sem propósito. a unidade "brasil" e "brasileiro" só pode ser dita para se entender o quanto não é e jamais foi uma unidade, e que tudo que parte da pressuposição dela serve àquilo que se serve famintamente dessa ideologia.
Alberto Lins Caldas

sexta-feira, agosto 27, 2004

POVO BRASILEIRO - o "povo brasileiro" é lixo europeu, lixo do escravismo, lixo industrial, lixo mercantil; lixo de todos os "modos de produção", de todas as relações perversas; lixo de todos os governos, de todas as ditaduras, de todos os "sistemas políticos", de todas as políticas e economias; lixo da covardia, do capachismo, da acomodação, das negociações de sobrevivência; lixos do silêncio e do silenciamento; lixo das mídias, lixo dos racismos, lixo de todas as doenças e relações monstruosas com as mais variadas formas de torturadores, senhores e patrões. é um povo que "cria cultura" como resultados de todos esses lixos: por isso serve perfeitamente para turistas, autoridades, mídias e pesquisadores. é uma "cultura" alegre, festeira, carnavalesca, religiosa, musical e risonha que teatraliza seus capachismos e negociações, suas curvaturas de espinha e suas admirações teratológicas como se fossem belas e não índices de uma loucura nazista escondida e perigosa.
Alberto Lins Caldas

MÁQUINAS DE TORTURA - quase todas as "coisas públicas" são máquinas de tortura, instrumentos de humilhação: também escadas, ónibus, calçadas, ruas, viadutos, praias, chopincenteres, gramáticas, ortografias, livros, comícios, escolas: principalmente se você é "possuidor" de uma "deficiência" (nada mais cruel que a língua, outra máquina monstruosa de tortura), se é negro, se é velho, se é homossexual, se é pobre, se é estrangeiro de "culturas inferiores" (os imbecis e os conceitos monstruosos são mais imaginativos e persistente do que qualquer razão). este país chamado brasil é uma monstruosa máquina de tortura em todas os detalhes, basta olhar.
Alberto Lins Caldas

ESTADUSZUNIDOS - outro país ridículo (e perverso, e estúpido, e bosta de marinheiro) é os estaduszunidos (que os babacas chamam de AMÉRICA): esse consegue bater todos os limites: é o império absoluto da classe média com todos os seus vícios, deformações, racismos, violências levados as últimas instâncias. mais é impossível. como admirar, imitar, se curvar até a penetração a uma coisa dessas, a um povo sádico, estúpido, ignorante, fanático; a uma cultura de cachorro quente, a uma língua de traficantes, de mercadores e punheteiros, que gerou apesar dela uns poucos poetas e prosadores que valem a pena, principalmente traduzidos, isto é, libertados da camisa de forças da sua linguinha. somente um povo de escravos eternos, os brasileiros, para aceitar um tal senhor, uma coisinha dessas.
Alberto Lins Caldas

VOTAR - um dia desses duas professoras de universidade entre um mediador também professor de universidade, num programa de televisão "culto e inteligente", defenderam a "obrigação de votar" porque o "povo brasileiro" ainda não sabe votar e isso serviria como "educação cívica". como vomitei muito depois, e tive muitas dores de cabeça e tonturas não vou comentar nada. estou levantando agora mesmo para tomar alguns comprimidos. com licença. recordar é sofrer.
Alberto Lins Caldas

OBRIGADO A VOTAR - ser obrigado a votar (não é votar), obrigado a opinar (não é opinar), a fazer parte (é não fazer parte), obrigado a escolher (não é escolher), obrigado a compartilhar (não é compartilhar), obrigado a ir a uma urna (tumba da liberdade), obrigado a todo um conjunto ridículo e torturante do espetaculo dessa "democracia" ridícula, é não saber o que é democracia nem o que é viver em uma. todas as obrigações (votar, alistamento, alfabetização, fumo, prostitruição) são sintomas explícitos de uma semi-ditadura (são a maneira inventada pelos brasileiros para exercerem uma ditadura sem parecer: todos os ditadores entre vocês são "presidentes da república"), de um fascismo de imaginário e comportamento, de pressão dos poderes contra as mais elementares liberdades tão arduamente e com tanta ingenuidade e sangue conquistadas.
Alberto Lins Caldas

ATLETAS - esses "atletas brasileiros" realmente representam a ideologia verde-amarelista: estão sempre enrolados com a "bandeira nacional", chorando com o nosso-hino e "representando o brasil". e, normalmente, perdem o nome: "o brasil jogou hoje": "o brasil compete contra ...": é a nação que funciona: é um dos fascismos mais estranhos do mundo: não tem vergonha de alardear seus emblemas, suas imagens-chavões, seus sentimentos ridículos, suas cores capachos, suas pobrezas, incompetências, mulambos e desnutrições como se fossem o paraíso, a beleza, a verdade, o único. ou melhor, todas as ditaduras não esquecem de expor seus "símbolos nacionais" até a náusea.
Alberto Lins Caldas

quarta-feira, agosto 25, 2004

ELEIÇÃO - a cada eleição fica mais patente o quanto há de pouca democracia e o quanto há de aproveitadores, ratos, sabidos e de infinidade de pequenos imbecis que se jogam numa das coisas mais ridículas do mundo. não há uma idéia, uma imagem, uma proposta que não chegue viciada: é um carnaval de horrores.
Alberto Lins Caldas

FELICIDADE - uma das infelicidades deste país é não ter nenhum “momento feliz” no “seu passado” para se ter saudade; não há nenhum “lugar paradisíaco” para se refugiar: todos os seus “mitos de fundação” são tão cômicos, tão descabidos, tão inúteis, tão descarados que aqui se tornou o lugar perfeito, depois de ter servido ao “espírito da escravidão”, ao “espírito do capitalismo”.
Alberto Lins Caldas

PALAVRAS - um país de miseráveis e de palavras: palavras demais: mas aqui há algo além de palavras?
Alberto Lins Caldas

NOSSO-HINO - é exaustiva a quantidade de vezes por dia que se ouve o nosso-hino: é uma perseguição auditiva: essa musiquinha de terceira categoria é uma das obsessões dos nacionalistas de carteirinha, dos ingênuos, dos militares, das esquerdas patriotas e de todo aquele para quem esse mundo de fantasia fascista (fantasia que contribui fundamentalmente para garantir a produção, o consumo e a reprodução geral danação) existe como verdade-realidade.
Alberto Lins Caldas

PERIGO - propaganda do exército: “você pode não ver: mas estamos sempre presentes”. essa é mais que uma verdade persistente, de uma obsessão da ordem fascista e invisível: é um componente essencial daquilo que chamam brasil: o espectro persistente de uma ordem invisível “tomando conta”, ao lado, dentro, antes e, acima de tudo, em tudo. não deixa de ser uma pretensão ridícula, mas ridícula não são suas conseqüências. esse fantasma verde-amarelo escondido é uma ameaça constante. todos os aspectos do nacionalismo são uma ameaça à própria democracia que todos eles dizem defender, de toda justiça que todos eles dizem representar.
Alberto Lins Caldas

DEUS - toda desgraça, toda miséria, todo acidente, toda injustiça é usado para elogiar deus, para ressaltar as “forças armadas”, as “forças de segurança” e a “pátria”.
Alberto Lins Caldas

NOSSO-HINO - e o nosso-hino não cessa.
Alberto Lins Caldas

FIESP - emocionante: a oposição da fiesp ganhou a eleição. isso, além de profundamente emocionante, abre o verdadeiro sentido do que é, para os brasileiros, a oposição.
Alberto Lins Caldas

NOSSO-HINO - nosso-hino novamente.
Alberto Lins Caldas

MENDIGOS - a morte de mendigos é apenas um episódio de uma rede monstruosa de mortes de sindicalistas, de sem-terra, de trabalhadores, de mulheres, de homossexuais, de negros, de indígenas; do espancamento e da humilhação de todas as “minorias” e da maioria pobre que não se cansa de lamber as botas de todos os sinhozinhos dessa grande estribaria. mas são esses mesmos pobres, essas mesmas “minorias” que se entrematam, se entretorturam, se entredilaceram, se entredifamam: a burguesia industrial, financeira ou os grandes latifundiários praticamente não participam disso, estão muito longe da sujeira, aproveitando fartamente a mais-valia entregue com tanto gosto, burrice e covardia.
Alberto Lins Caldas

terça-feira, agosto 24, 2004

VARGAS - comemoram hoje o suicídio daquele imbecil, daquela coisa estúpida, minúscula, asquerosa e gorda que chamam de vargas. só mesmo uma mídia vendida, babaca e superficial; um povo burlesco (que, aproveitando a palavra, se burla e burla para sobreviver: por isso grotesco); políticos venais; historiadores, sociólogos e antropólogos, politicólogos sem caráter e sem profundidade, lacaios de todos os minúsculos poderes; só mesmo numa coisinha como este brasil para comemorar, para recordar, para “sentir saudade”, para elogiar um ditadorzinho anódino de uma republiqueta sem vergonha. mas é comum por essas paragens verde-amarelas a louvação dos jegues (vivem para louvar e salvaguardar os jegues): todos os ditadores são lembrados como “presidentes da república”, “pai dos pobres”, “político de respeito”: é odioso!
Alberto Lins Caldas

OLIMPIADAS - não param de falar nas olimpíadas: não aceito que não sintam a patetice de tudo isso: por mais de um ano, todos os dias, todas as mídias, falando nesta coisa sem propósito (para vender, com certeza, os produtos do mundo!) e agora os “heróis da pátria”, merdas flutuantes (favelados, suburbanos e pobres de todos os terreiros) da republiqueta (pela pobreza, pela ideologia, pelo medo e pela honra) depois de fazerem todas as cacas possíveis, dão desculpas esfarrapadas (lumpen) que poderia ser a base de alguma piedade, se piedade alguma coisa desse território merecesse piedade: e ainda por cima não são culpados de nada: os que são levam, por um lado, grande parte dos louros e das louras, enquanto os pobres infelizes voltam e se atiram, na miséria que lhes cabe um cauntri deste: ficam velhos, pobres, desdentados, arruinados e ainda são levados em programas de auditório para “servir de exemplo para a juventude” (não sei se notam o horror de tudo isso ou fazem esses festivais de perversidade por inocência pura e elevada).
Alberto Lins Caldas

PÁTRIA - nunca ouvi tanto as palavras brasil, brasileiro, pátria, hino nacional, nacional (e não é por causa das olim-piadas): para esse país infeliz ser considerado fascista basta me processarem por este diário (o fascismo é sempre protegido pelas leis) e mais um ditadorzinho vestido de presidente (um que demore mais do que quatro ou oito anos: o que fizeram foi transformar o “mesmo ditador” em vários presidentes, e uma ditadura em governos) que proponha a obrigatoriedade do nosso-hino nas escolas ou alguma outra idéia brilhante.
Alberto Lins Caldas

LIBERDADE - entregamos sem nenhuma reação todos os aspectos da nossa liberdade (que é feita de minúsculos fragmentos, de frágeis dobradiças, de memórias sutis) em nome de qualquer coisa. para melhorar “a questão da violência”, as câmaras em todas as ruas, em todos os lugares públicos; nas greves, para garantir “a população e a coisa pública”, soldados na rua; para “combater o crime”, assassinatos, torturas, violência, medo, mentiras e impunidade.
Alberto Lins Caldas

VIOLÊNCIA - este é um país não somente mentiroso, mas de má-fé: falam o tempo inteiro em violência (a “principal preocupação dos brasileiros”), como se essa violência propalada fosse a causa de alguma coisa (a causa material, a causa eficiente, a causa final, a causa formal: ou, menos aristotelicamente, a causa suficiente de alguma coisa). a violência é o feixe final, não da “atuação de traficantes”, mas da exploração em todas as instâncias, da brutal extração da mais-valia, da coisificação em todas as relações, da mercantilização de tudo: e da necessidade de tudo isso para o “sistema funcionar”: sem todas as “causas suficientes” não há capitalismo; sem todas as violências não há o que todos querem, o que todos se venderam e se vendem com os dentes expostos, para querer e possuir. a violência é um dos sintomas principais de que tudo segue a normalidade produtiva, a normalidade de consumo, a normalidade institucional e as normalidades imaginárias que fazem do brasileiro, o brasileiro. e se não fosse assim porque os milhões de famintos, violentados, desempregados, os sem-nada, não descem dos morros, são saem das periferias, não tomam para si o que saem do seu suor: porque são cúmplices: fazem parte como gado da violência necessária para que o sistema funcione, aquele mesmo que ele defende, procria e difunde.
Alberto Lins Caldas